O melanoma é um câncer de pele agressivo, de crescimento rápido e com grande potencial de gerar metástases (espalhar pelo corpo). Quando diagnosticado precocemente é curável por cirurgia. Melanoma é um tumor originário dos melanócitos, as células que produzem pigmento na pele (melanina), por isso, na maioria das vezes melanoma é um tumor escuro.

Sua incidência é pequena se comparada ao carcinoma basocelular e ao carcinoma espinocelular, contundo, vem aumentando muito nas últimas décadas, estima-se um aumento de 3% a cada ano, com a incidência dobrando a cada 10 a 20 anos. Apesar de uma incidência menor que a dos outros cânceres de pele é o que causa maior número de óbitos, sendo que 75% das mortes causadas por câncer de pele se devem ao melanoma. Por sorte não é um tumor muito comum. 

Fatores de risco para melanoma

  • Pele clara: Melanoma é mais comum em pessoas brancas. Em populações de pele negra a incidência é menor que 1 caso em 100.000, chegando a 50 casos em 100.000 em população de pele clara, em locais como a Austrália.  
  • Múltiplos nevos melanocíticos (pintas): Pessoas com muitas pintas têm um risco maior de desenvolver melanoma. De forma prática, 50 ou mais pintas já indicam um risco maior.
  • História familiar:  Aproximadamente 10% dos pacientes diagnosticados com melanoma têm uma pessoa na família que já teve melanoma. História familiar de melanoma é o fator de risco isolado mais importante para o desenvolvimento de um melanoma.
  • Idade: O melanoma é um tumor de pessoas acima de 60 anos, contudo 50% dos casos ocorrem em pessoas com menos de 55 anos e 30% ocorrendo em pessoas abaixo de 45 anos, sendo uma das principais causas de óbito por câncer em adultos jovens.
  • Exposição solar: Exposição solar intensa e intermitente (expor-se ao sol poucas vezes ao ano, mas em grande quantidade em cada exposição), e não a exposição crônica, está mais relacionada ao aparecimento de melanomas. Acredita-se que a infância é o principal período de risco à exposição solar no que diz respeito à gênese do melanoma. História de queimaduras solares na infância e adolescência, levando a bolhas, é um fator de risco importante no aparecimento de melanomas na vida adulta, cinco queimaduras solares com bolhas na infância e adolescência aumentam em 80% o risco de desenvolver melanoma.

Como reconhecer um melanoma: 

Existe uma regra prática que ajuda a suspeitar de melanoma: regra do ABCD:

  • Assimetria: Divide-se a lesão suspeita em 2 metades, quando as metades não são simétricas, a lesão é suspeita.
  • Bordas: Os melanomas apresentam bordas irregulares, com final abrupto da pigmentação.
  • Cores: Os melanomas normalmente exibem cores escuras e/ou a presença de várias cores em uma mesma lesão (preto, marrom claro, marrom escuro, cinza-azulado, vermelho e branco). 
  • Diâmetro: Pintas ou sinais maiores que 6 milímetros são suspeitos, nem toda lesão com este tamanho é um melanoma, mas toda pinta maior que 6 milímetros deve ser examinada ao menos uma vez por um dermatologista. Lembrando que existem melanomas de diâmetro menor e quanto mais precoce o diagnóstico melhor. 
  • Evolução: Toda pinta que estiver mudando ou crescendo é suspeita. Pode ser uma mudança de cor, formato, relevo ou ainda mudança nos sintomas, uma pinta que não sangrava e passou a sangrar.
Regra do ABCD: Assimetria: as duas metades da lesão são assimétricas. Bordas: as bordas são irregulares, denteadas. Cores: A lesão apresenta mais de uma cor, em geral, preto, marrom escuro e marrom claro. Diâmetro: Lesão é maior que  6 milímetros, ou está em crescimento

O diagnóstico precoce do melanoma pode ser bastante difícil, pois nas fases iniciais o melanoma pode se confundir com pintas benignas. Uma ferramenta útil para diferenciar uma lesão benigna de um melanoma é a dermatoscopia. A dermatoscopia pode ser feita com diversos equipamentos, sendo o mais comum o dermatoscópio (similar ao otoscópio), equipamento portátil, com uma lente que permite um aumento fixo de 10 vezes. A dermatoscopia nas mãos de pessoas experientes aumenta muito a acurácia no diagnóstico de melanoma. Outra ferramenta no diagnóstico precoce do melanoma é o mapeamento corporal total. Este exame é indicado para pessoas com múltiplas pintas e/ou história familiar de melanoma.

Examine sua pele com frequência, peça para alguém olhar suas costas e couro cabeludo. Se tiver uma lesão suspeita não demore, procure um especialista.

Quer saber mais, veja aqui como reconhecer um melanoma

Tipos do Melanoma

Existem 4 tipos mais comuns de melanoma, cada tipo de melanoma tem características e comportamento próprios.

Melanoma Extensivo Superficial

Melanoma extensivo superficial é o tipo mais frequente de melanoma, responsável por 70% dos melanomas. Ocorre com mais frequência nas costas e nas pernas.

Melanoma Nodular

Melanoma nodular é o tipo mais agressivo de melanoma, ocorre em 15% de todos os melanomas, mas é o responsável por 40% das mortes.

Melanoma Acral

Melanoma acral é o tumor que acontece nas solas dos pés, planta das mãos e nos dedos e unhas. Representa 2 a 3% dos melanomas e não está relacionado à exposição solar como os demais tipos de melanoma.

Lentigo Maligno Melanoma

Lentigo maligno melanoma está mais associado à exposição solar crônica, acontecendo com frequência no rosto. Tende a ter uma evolução mais lenta que os demais melanomas.

Melanoma tem cura?

Depende do melanoma. O único tratamento realmente eficaz para o melanoma é a cirurgia. Quanto mais precoce o diagnóstico e a cirurgia, maior a chance de cura. Nos melanomas finos, com um índice de Breslow  abaixo de 1 milímetro, a cirurgia tem grande chance de cura! Por esta razão o diagnóstico precoce é fundamental para o bom tratamento e possibilidade de cura! Quando existem metástases para outros órgãos, a cirurgia raramente é curativa, mas felizmente tivemos vários avanços no tratamento do melanoma recentemente. Até poucos anos atrás, o melanoma metastático respondia mal aos tratamentos. Com o surgimento de novas medicações, o tratamento do melanoma agora tem apresentado resultados muito positivos, com cura mesmo de tumores metastáticos.

Considerações finais

O tratamento deve ser sempre conduzido por um médico especialista, lembrando que é fundamental o diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento, portanto, se você tiver uma lesão suspeita: não demore, procure um especialista.

Referências bibliográficas

  1. NCCN guidelines for patients. Melanoma. 2018
  2. PDQ Adult Treatment Editorial Board. Melanoma Treatment (PDQ®): Health Professional Version. 2019 Apr 11. PDQ Cancer Information Summaries [Internet]. Bethesda (MD): National Cancer Institute (US); 2002-.
  3. Gardner LJ, Strunck JL, Wu YP, Grossman D. Current controversies in early-stage melanoma: Questions on incidence, screening, and histologic regression. J Am Acad Dermatol. 2019 Jan;80(1):1-12

Melanoma Maligno

Autor:

Dr. Gustavo Alonso

Dermatologista – CRM – SP: 97410 | RQE – 37815